Ontem fui ‘até’ o hospital.
Um passeio forçado mas por nada de grave.
Grave foi entrar numa sala de urgência como aquela: uma grande sala, suportada pelo pesado ar condicionado, teoricamente dividida em duas macas por cortinados mais cabines para atendimento e corredores, mas que, na realidade, reduzia-se a um espaço totalmente desconexo, de cortinados entreabertos e limites ultrapassados, com meia dúzia de médicos, mais outros tantos enfermeiros e auxiliares, a contorcerem-se por entre macas, quase todas ocupadas por idosos - uns mais outros menos lúcidos, uns a praguejarem outros a chorarem, outros nem uma coisa nem outra, quase todos a tirarem insistentemente as máscaras de oxigénio, ou então por mulheres de meia idade que choramingavam suplicando auxilio a cada olhar em sua direcção…
A determinada altura, uma das médicas lança-se numa tentativa de organização e alerta para que ali fique somente as pessoas a serem atendidas, pois, como se já não bastasse um colega de férias, outro faltou, e reclama por espaço e condições de trabalho, e num desabafo conclui que aquilo mais parece o Iraque. Sim, realmente assemelha-se a um ambiente de guerra! Quem não entrou doente fica adoentado…
Após 5 horas de monitorização, ouço o desejado veredicto: "Estabilizou; está tudo bem. Tem alta".
Cá fora, ar não-condicionado de Primavera/Verão, um céu avermelhado de fim de dia a prometer outro de calor, espaço aberto!
Senti-me revigorar em 5 minutos!